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6 segredos do treinamento de Renato Moicano

Everton Oliveira, o preparador físico da American Top Team, revela os métodos que aplicou no pupilo que luta neste sábado contra Zumbi Coreano

Experiência ele tem de sobra. Preparador físico de um batalhão de pessoas da realeza do UFC, Everton Oliveira é um dos coaches da American Top Team, equipe sediada na Flórida, nos Estados Unidos. Desde 2012, frequentaram suas planilhas e submeteram-se a suas ordens atletas de 11 lutas pelo cinturão – da campeã Amanda Nunes a Junior Cigano, passando por Glover Teixeira, Antonio Pezão e Thiago Marreta, que encara Jon Jones no próximo dia 6 de julho em Las Vegas.

Sem contar as dezenas de main events – o próximo acontece neste sábado, 22 de junho, quando Renato Moicano sobe no octógono contra Chan Sung Zung, mais conhecido como Zumbi Coreano, no UFC Greenville. Everton está feliz com o resultado do camp de Renato. “Foi perfeito”, conta ele. “Não tivemos histórico de lesão, ele conseguiu render superbem e chegou na fase final voando. A expectativa é que ele tenha uma excelente performance não só física, como também técnica, e saia com uma brilhante vitória.” O preparador físico conta aqui 6 segredos do treinamento de seu pupilo para esse combate.

1. Força primeiro, potência e resistência depois
“O camp tem normalmente de oito a 12 semanas. Nas fases preparatórias geral e específica, os treinos comigo são três vezes por semana. Divido em treinos A, B e C. Os dois primeiros são separados por grupos musculares e o C é um treinamento do corpo todo. Quando entramos na fase de circuito competitivo, reduzimos o volume de treino semanal para dias vezes, porque o treinamento de MMA é realçado. Passo então a fazer uma divisão geral de estímulos com ênfase no circuito competitivo, priorizando força explosiva. Tiro a carga e aumento a especificidade em relação à velocidade nos movimentos, além de usar estratégias para desenvolver potência, como resistência elástica, uma máquina isocinética [que detecta se o músculo contrai e encurta em velocidade constante] e exercícios pliométricos [que incluem saltos e explosões].”

2. Mais volume para lutas de cinco rounds
“Tento sempre deixar meu atleta preparado para lutar quantos rounds ele precisa e para que eles possam ter o ritmo um ritmo de luta mais intenso possível dentro de suas características. Trabalhamos em sintonia com os treinadores de luta, porque os treinos de luta são tão físicos quanto a preparação. Aqui na American Top Team fazemos em conjunto o controle geral da semana do atleta. Tenho a possibilidade de trabalhar do lado dos sparrings e dos treinos de wrestling, jiu-jítsu, boxe e muay thai, e dosar em conjunto os volumes de treinamento, o tempo e o descanso. Quando o atleta vai lutar cinco rounds, como o Renato neste sábado, adiciono volume. Os circuitos de treinamento foram um pouco mais longos e adicionei intervalos ativos entre eles. Em vez de descansar no intervalo, ele fazia exercício cíclico, como airdyne [tipo de bicicleta ergométrica], mantendo uma intensidade pré-programada, para depois voltar para o circuito de exercícios complexos.”

3. Nada de relaxar no momento entre lutas
“Sempre me preocupo em coordenar a base do atleta. Renato se mantém ativo no off camp. Por isso, ele chegou para esse camp já com a base muito bem feita e conseguimos um ritmo de treinamento mais acelerado.”

4. Exercícios aeróbicos curtos e intensos
“Uso exercícios aeróbios com característica intermitente – muito treinamento intervalado. O atleta faz, por exemplo, aquele aparelho que simula uma escalada, airdyne, corda naval e corrida, mas sempre em estímulos curtos e muito intensos. Os exercícios duram no máximo um minuto e geralmente os estímulos máximos são entre 15 e 30 segundos.”

5. Controle do estresse e do emocional
“Tenho formação em PNL [programação neurolinguística, ciência que estuda os modelos mentais] e costumo entrar em sintonia total com os atletas para extrair o máximo deles em todos os sentidos. Muitas vezes percebemos que o atleta não rende não porque está sem condições físicas, mas porque a cabeça dele não está ali. Eles são seres humanos como nós e passam por problemas pessoais, que afetam diretamente na qualidade do treinamento. Como treinador tenho que ter uma sensibilidade muito grande para entender isso e sempre ter em mãos um plano B, para poder gerenciar o treinamento deles. Vamos supor que num determinado dia o treinamento da planilha é de alta intensidade, só que o atleta nãao dormiu e está com alguma questão pessoal. Eu tenho que trabalhar com ele de forma que consiga gerar resultado em termos de performance sem gerar desgaste muito extremo, porque isso pode causar lesão.”

6. Descanso faz parte do treinamento
“Ele é planejado para que o atleta consiga realmente descansar 100% o corpo. O atleta treina geralmente de segunda a sexta dois períodos por dia e um período no sábado. O descanso é importantíssimo e prezamos para que ele desfrute dele entre os treinamentos, além de que o volume de treinamento semanal seja respeitado. Isso é essencial para que ele não se lesione e nem entre em overtraining. Usamos técnicas como massagem, banheira com água gelada, banheira com gelo, quiropraxia, entre outras.”