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Amanda Nunes | Para sempre a maior de todos os tempos
A dupla campeã se aposentou com uma história que servirá de exemplo durante eras
Sentada junto de seus dois cinturões, Amanda Nunes estava radiante.
Uma hora antes, a “Leoa” defendeu o título peso-galo contra Irene Aldana e anunciou sua aposentadoria no MMA. Agora, depois de uma comemoração com sua família e membros de sua equipe, ela estava pronta para falar.
Ela explicou que não falou a ninguém que sua luta no UFC 289 seria sua última, pois essa seria a única coisa que as pessoas iriam perguntá-la e o duelo com Aldana ficaria em segundo plano – algo que ela não queria.
E, claro, ela estava certa.
Caso Amanda respondesse “sim, essa vai ser a última luta” quando eu perguntei na segunda-feira se ela se aposentaria após enfrentar Aldana, eu continuaria peguntando sobre sua decisão, sua carreira e seu futuro, sem focar na luta em si.
E quem não faria isso?
Mas, voltando para ela, Amanda Lourenço Nunes é a maior lutadora que já competiu no MMA.
Independente do gênero, ela é uma das maiores atletas que já pisaram no Octógono – campeã em duas categorias diferentes e a primeira a defender ambos simultaneamente; dona de inúmeros recordes, muitos dos quais serão difíceis de serem quebrados – e ela deixa o esporte em seus próprios termos, no topo, algo que poucos fizeram.
Quando ela superou Valentina Shevchenko no UFC 196 para se tornar a próxima desafiante ao cinturão peso-galo, eu não senti que seria o começo de algo tão enorme. Na verdade, sentado na área de imprensa do MGM Grand Garden Arena, pareceu que a luta de três rounds entre ambas favoreceu Amanda, já que Valentina venceu o último round na opinião dos juízes e vinha em uma crescente na luta.
Porém, aquela vitória deu a Amanda uma oportunidade de lutar pelo cinturão contra Miesha Tate, que conquistou o cinturão no mesmo UFC 196. As duas fizeram a luta principal do UFC 200 e, pela primeira vez, a brasileira mostrou toda a ferocidade que a definiria como rainha de duas categorias.
Ela atropelou Tate e conquistou o cinturão com uma finalização no 1° round. Em seguida, derrotou a ex-campeã Ronda Rousey em apenas 48 segundos no UFC 207. Sua próxima desafiante foi Valentina Shevchenko, dessa vez em uma revanche de cinco rounds, com a “Leoa” saindo com o braço levantado após uma vitória por decisão dividida.
A campeã então viajou para o Brasil, sua terra natal, e não deu chances a Raquel Pennington no UFC 224. Foi aí que ela mudou o patamar de tudo o que já vimos nas categorias femininas. Amanda se aventurou na divisão de cima e nocauteou Cris Cyborg, conquistando o cinturão peso-pena em apenas 51 segundos. Foi a noite em que ela se tornou a primeira, e única, mulher campeã em duas categorias. Seu reinado seguiu com a “Leoa” derrotando Holly Holm, Germaine de Randamie e Felicia Spencer – sendo esta última no peso-pena, tornando Amanda a primeira dupla campeã a defender ambos os cinturões.
Sua última defesa de cinturão no peso-pena foi contra Megan Anderson, e depois de perder o título do peso-galo para Julianna Peña no UFC 269, ela o recuperou de forma avassaladora sete meses depois.
A vitória contra Peña também fez com que Amanda conquistasse uma das marcas mais impressionantes já vistas no Octógono – ela venceu todas as lutadoras que já tiveram o cinturão peso-galo e peso-pena.
Todas elas, sem exceção, e ainda acumulando duas vitórias sobre a maior campeã que o peso-mosca já teve – Valentina Shevchenko.
Analisando tudo isso, não era a toa que Amanda estava radiante ao anunciar que iria parar. Não há mais nada que ela precise ou tenha que conquistar.
Amanda encerra sua carreira com um cartel incrível de 16-2 no Octógono, 11-1 em lutas pelo cinturão e 23-5 no geral.
A jovem que deixou o Brasil para seguir seus sonhos conseguiu realizar todos eles, e agora, aos 35, terá seu segundo filho com Nina Nunes, sua esposa, em uma nova fase de sua vida.
Será que ela poderia continuar a carreira para enfrentar mais uma vez Peña e encerrar oficialmente a rivalidade? Com toda certeza, mas Amanda considerou que estava tudo acertado após reconquistar o cinturão no UFC 277.
Contra Aldana, em Vancouver, ela fez o mesmo que fez contra Peña, mostrando todas as faces de seu jogo e provando que está em um nível muito superior a todas as rivais do peso-galo.
E ao contrário do que ventilaram, ela não está fugindo de nada. Estamos falando da melhor lutadora do mundo escolhendo parar na hora que acha correta, e nenhuma pessoa deve condená-la por isso.
Durante nossa conversa na segunda-feira, por telefone, eu disse para Amanda que depois de tantas entrevistas, finalmente a conheceria pessoalmente, já que eu estarva em Vancouver.
Quando ela entrou na sala da equipe de Digital do UFC na terça-feira, ela me viu e veio até a minha direção.
“Hey! Prazer em conhecê-lo”, ela falou, enquanto apertava minha mão.
Não tivemos muito tempo de conversar, já que ela tinha compromissos profissionais e entrevistas para fazer. Porém, deu tempo de perguntar se ela ainda seria a campeã depois de sábado, e ela respondeu “para sempre”.
Quando ela dançou no Octógono com sua filha Raegan após a vitória, eu fiz uma postagem nas redes sociais explicando como foi minha relação com essa incrível lutadora durante os sete anos em que conversamos e como eu jamais esqueceria esse momento.
Ela então seguiu seu caminho, tirando fotos e distribuindo sorrisos para os fãs até chegar ao salão do hotel. Ela dizia “obrigado” a todos, agradecendo todo o apoio e amizade que construiu durante o anos.
“Muito bacana ter finalmente te conhecido”, ela disse quando chegou até mim.
“Parabéns por tudo”, eu respondi. “Nos falaremos de novo”.
E quando isso acontecer – e eu tenho certeza de que vai - não será antes de uma luta, já que ela encerrou esse capítulo em sua vida.
Porém, ela continuará sendo campeã para sempre.
Obrigado, Amanda.
O UFC 289: Nunes x Aldana foi um evento realizado em 10 de junho de 2023 em Vancouver, no Canadá. Confira aqui a cobertura completa e reveja todas as lutas no UFC Fight Pass.
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