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Chuck Liddell vs Tito Ortiz: A Rivalidade

Mergulhe em uma das maiores disputas já vistas até hoje na história do UFC

Foi uma rivalidade que provavelmente jamais deveria ter acontecido, mas ao mesmo tempo era inevitável. Vistos como os dois melhores meios-pesados do mundo na época, Chuck Liddell e Tito Ortiz começaram suas jornadas no MMA como amigos e parceiros de treinos, mas quando você lida com dois atletas ultra-competitivos, não há dúvidas de que, eventualmente, eles se encontrariam no Octógono.

A história de ambos começou há muito tempo, quando o MMA ainda lutava para conseguir seu espaço na mídia e as duas estrelas se esforçavam ao máximo para crescer junto do esporte.

Natural de Huntington Beach, Ortiz entrou em cena no UFC em 1997, enquanto Liddell, natural de San Luis, o seguiu em 1998. O humilde e contido Liddell ficou boa parte do início de sua jornada no anonimato, diferente do eloquente Ortiz que conseguiu chegar ao topo ao vencer o que seria o primeiro cinturão dos meios-pesados do UFC em 2000, quando derrotou Wanderley Silva.

O primeiro gostinho de Liddell junto ao holofotes veio quando ele nocauteou Kevin Randleman em 2001, mas o rei da divisão ainda era Ortiz e ele tinha uma grande base de fãs e a mídia ao seu lado para provar isso. Os dois viraram amigos e treinaram juntos, o que deixava qualquer possibilidade do grappler e do striker se enfrentarem totalmente fora de questão.

Com o passar do tempo, Liddell rapidamente virou uma estrela no mundo do MMA e, com isso, algumas questões começaram a aparecer. "Quando Chuck irá lidar pelo cinturão?" era uma delas. Os dois amigos falaram publicamente que isso não iria acontecer, mas depois que o "Homem de Gelo" ajudou seu colega nos treinos do cancelado UFC 33, onde Ortiz enfrentaria Vitor Belfort, eles começaram a se distanciar um do outro.

"Nós sabíamos que, cedo ou tarde, se a gente continuasse vencendo, iríamos nos enfrentar", disse Liddell. "Nós começamos a nos separar cerca de um ano e meio atrás. A última vez que treinei com ele foi para ajudá-lo na luta contra o Vitor."

Quando Liddell derrotou Belfort no UFC 37.5 e Ortiz foi para o Octógono para ter um tempinho frente às câmeras, pouco se disse em um duelo entre ambos, já que Liddell mostrou claramente um desconforto. Ortiz dizia que não iriam lutar e citava a amizade e o dinheiro eram os motivos para que isso jamais acontecesse.

No final de 2002, porém, Liddell e Ortiz já não colocavam nenhum empecilho em um duelo entre ambos, e o público passou a ficar envolvido nisso ao pedir que o duelo ocorresse. Para apimentar ainda mais, conseguiram vídeos aonde os dois se insultaram em uma sessão de treinos.

"Sou uma luta ruim para ele, um estilo realmente ruim", disse Liddell. "E ele sabe disso. Sou uma luta dura para ele pois eu sou muito bom em pé e difícil de derrubar. Quando ele luta com alguém que pode golpear, tudo o que ele quer é levar o cara para baixo. Treinamos juntos algumas vezes e ele sabe o quão difícil é me colocar para baixo."

As sessões de treino dos dois tomaram uma proporção mítica pelo que falavam sobre o que aconteceu com as portas fechadas. Liddell, no entanto, foi rápido ao tirar a importância do fato, dizendo basicamente que o que começa na academia fica na academia.

Logo em seguida, Ortiz ficou em uma posição difícil, especialmente depois de perder o cinturão meio-pesado para Randy Couture. Era necessário então passar por Liddell para conseguir uma nova chance pelo cinturão, e finalmente os dois se encontraram no grande UFC 47, em 2 de abril de 2004.

Liddell dominou do início ao fim, eventualmente nocauteando Ortiz no segundo round. A disputa estava aparentemente encerrada, com ambos seguindo caminhos separados, tanto pessoalmente quanto profissionalmente. Ortiz, no entanto, mostrava insatisfação por ver as coisas ocorrerem da maneira como foram.

"Me chateia muito, mas mostra o que o dinheiro pode fazer com as pessoas", disse Ortiz. "Ele muda as pessoas. Liddell é o dono do seu próprio nariz agora e diz que nós nunca fomos amigos. Isso é besteira e ele sabe a verdade. Da primeira vez que nos enfrentamos, essa foi uma das razões de eu não ter competido no nível que eu normalmente competia. Aquilo me magoou muito na época, mas agora são apenas sentimentos passados. Agora somos simples conhecidos, não amigos. Quando eu o vejo, digo 'E aí, Chuck, como você está?' e isso é o máximo aonde nossa conversa vai. Sei da minha consciência e sei o que está na consciência dele. Nós vamos lutar de novo, não importa a situação, mas dessa vez o fator amizade não existirá - será na base do ódio, e eu acho que luto melhor quando odeio alguém."

Liddell derrotaria Couture na revanche pelo cinturão e se tornaria uma estrela. Ortiz deixaria o UFC no final de seu contrato e ficaria em um hiato de 14 meses antes de retornar e se reestabelecer como um dos melhores meios-pesados do mundo em 2006, adicionando assim um segundo capítulo para a maior rivalidade do esporte até então. Ficou acertado que no dia 30 de dezembro daquele  ano, os dois acertariam as contas.

"Estou feliz por poder lutar de novo", disse Liddell. "Amo o que faço, amo lutar e definitivamente vou amar enfrentar o Tito de novo. O maior feito para os meus fãs é este e eles sempre me perguntam 'quando você vai nocautear o Tito de novo?'. Então eu dedicarei o nocaute de 30 de dezembro para eles."

"Liddell é um grande campeão, mas seu tempo acabou", rebateu Ortiz. "Estou pronto para pegar meu cinturão de volta. Na primeira vez que lutamos, eu estava em uma posição desconfortável e não queria lutar. Agora estou em uma época melhor, quero voltar ao Octógono e continuar a dominar. O dia 30 de dezembro será conhecido como o dia de Tito Ortiz, eu garanto."

A revanche ocorreu da mesma forma que a primeira luta, com Liddell vencendo Ortiz no terceiro round da luta principal do UFC 66, em Las Vegas. Mesmo com os dois se enfrentando para um terceiro duelo fora do UFC em 2018, com Ortiz vencendo Liddell, o embate não teve a mesma empolgação que os dois primeiros duelos dos "Hall da Fama" tiveram, já que eles estavam no ápice de suas carreiras.

Para muitos fãs, nenhuma disputa foi tão intensa quanto aquelas que envolveram os dois atletas em 2004 e 2006. E essa será uma rivalidade jamais esquecida enquanto o MMA existir.

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