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Com técnicas que combinam coaching e hipnose, especialista fortalece a mente de Jennifer Maia

A coach Patricia Olliver é irmã de Israel Gomes, que fundou a academia Killer Bees com Anderson Silva. Em Curitiba, ela trabalha com atletas de alto rendimento e diz que Jennifer, que luta neste sábado, está 100% preparada

Desde que era menina, a curitibana Patricia Olliver, uma apaixonada pelo desenvolvimento humano, via sua casa lotada de lutadores. Irmã de Israel Gomes, prajied preto no muay thai, faixa-preta de jiu-jítsu e ex-atleta de vale-tudo, ela convivia com pessoas como Wanderlei Silva, Rafael Cordeiro e Anderson Silva – que, inclusive, fundou com Israel e Rodrigo Vidal a academia Killer Bees, em 2004.

Desde que era menina, a curitibana Patricia Olliver, uma apaixonada pelo desenvolvimento humano, via sua casa lotada de lutadores. Irmã de Israel Gomes, prajied preto no muay thai, faixa-preta de jiu-jítsu e ex-atleta de vale-tudo, ela convivia com pessoas como Wanderlei Silva, Rafael Cordeiro e Anderson Silva – que, inclusive, fundou com Israel e Rodrigo Vidal a academia Killer Bees, em 2004.

Por isso quando, há três anos, começou sua formação como coach, não foi surpresa para ninguém ela ter escolhido direcionar parte de seus esforços e de seu tempo para trabalhar também com atletas de alta performance.

Patricia é uma master coach, espécie de faixa-preta da técnica. É formada em coaching integral sistêmico, uma metodologia que prega que devemos estar bem em todas as áreas de nossa vida, como na carreira, nos relacionamentos amorosos e familiares, nas finanças, entre outras, para, assim, conseguirmos uma vida plena.

Também fez formação em programação neurolinguística, baseada na crença de que nossos comportamentos são resultado de uma estrutura interna de pensamentos e emoções – e que nosso sucesso depende também de padrões externos, como comportamentos e linguagens específicas.

“Continuei meus estudos com hipnose e análise comportamental, que me ajuda muito com os atletas. Para complementar, fiz algumas terapias auxiliares, como Barras de Access”, conta Patricia, referindo-se à ferramenta energética e corporal que ajuda a eliminar crenças, pensamentos e emoções negativas.

“Quando terminei minhas formações , até pelo ambiente em que vivi, o caminho para o coaching esportivo de alta performance era muito familiar. Eu vivo isso. Não ensino apenas”, ela conta.

Foi por meio de uma lutadora do Invicta FC, Janaisa Morandin, que ela conheceu Jennifer Maia, atleta da Chute Boxe que faz, neste sábado, sua quarta luta pelo UFC e tenta sua terceira vitória consecutiva no UFC 244, em Nova York, contra a americana Katlyn Chookagian.

“A Janaisa me sugeriu entrar em contato com a Jennifer e só depois descobri que o técnico dela, o Ed Carlos Mosntro, foi aluno do meu irmão. Ficou mais fácil o contato e começamos a trabalhar.”

A preparação mental que Patricia faz com Jennifer há mais de um ano é constante e intensificada nos períodos de competição. “A gente começou com o coaching integral sistêmico. Temos que trabalhar os pilares da vida do atleta, como saúde, carreira, finanças, família, relacionamentos”, diz ela. “Por que começo por aí?”, pergunta, para responder: “Como o atleta vai performar se ele não está bem nas áreas fundamentais de sua vida? Primeiro limpamos, equilibramos e organizamos tudo, depois começamos com o treinamento mental, que é o foco na carreira do atleta na alta performance.”

Patricia conta que também trabalhou com as ferramentas da programação neurolinguística para quebrar as “crenças limitadoras”, que são emoções que trazemos conosco sem nos dar conta como o medo e a angústia, que limitam o atleta e sua performance. Cada ação gera uma reação, diz Patricia, e geralmente ela é distorcida pelas crenças limitantes que família, pai, mãe, amigos, enfim, o meio em que a pessoa cresceu embutiram nela.

“Você já deve ter ouvido aquela frase: somos a média das cinco pessoas com quem convivemos”, explica a coach. “Às vezes, a gente não convive com gente boa. Mesmo pai e mãe: a gente honra e respeita, mas às vezes eles estão com softwares desatualizados.” É esse o ponto mais trabalhoso do processo. “Gastamos muito tempo limpando, limpando, limpando todas essas crenças.”

Depois disso, hora do treinamento mental em si. “Quando a gente chega nessa fase, o atleta já está mais ‘limpo’, já está sem tanta crença que limita. No treino mental, a gente muda a mentalidade, ou o mindset como as pessoas gostam de falar. Ele precisa estar 100% presente no treino para estar automático na competição.” O treino mental tem de ser começado muito tempo antes das competições. “Não adianta vir 15 dias antes que a gente não vai conseguir nada, porque tudo é um processo.”

Patricia explica que é preciso estar no modo automático durante a competição porque assim conseguimos criar novas sinapses neurais – cada habilidade que possuímos se dá porque nosso cérebro faz esses circuitos neurais, conectando células que desempenham tal função.

“Isso exige treino”, conta a especialista. “Tem que trabalhar a segurança, autoestima, autoafeto, coragem, disciplina, foco. O atleta precisa aprender a estar completamente presente.”

Patricia também aplicou hipnose em Jennifer. “Ela serve para o atleta entrar num profundo estado de relaxamento para mudarmos alguns comportamentos e atitudes sabotadoras. Apesar de fazermos toda a limpeza com o coaching sistêmico e com a programação neurolinguística, a gente trabalha com a hipnose também porque todas essas crenças, medos, ansiedade e angústias estão gravados de fato no nosso inconsciente.”

Patricia acredita que sua coachee está mais do que preparada mentalmente para seu próximo desafio. “Jennifer está 100% focada dentro dos treinos e, consequentemente, vai estar 100% focada na competição, não tenho dúvida”, ela diz. “Ela está preparada para tomar decisões rápidas no octógono, pois suas sinapses neurais estão muito atiladas. A Jennifer está concentrada, tem bom autocontrole das situações e das emoções e, é claro, está feliz, o que faz toda a diferença. Não tem nos ombros o peso da vitória, porque ela sabe claramente que, em sua carreira de atleta, está sujeita a ganhar ou voltar para casa e aprender mais. Está consciente disso. A Jennifer tem o verdadeiro coração de campeão. Sempre digo para ela: ame o esporte e não a vitória, porque ela vem.”

Além de Jennifer Maia, Patricia trabalha com Ariane Lipski, que luta no UFC São Paulo em 16 de novembro, Nicolle Caliari, que atua pelo Invicta FC, e outros atletas de várias equipes de Curitiba. “Todos eles sonham e trabalham duro para estar no maior evento de luta do planeta, o UFC”, ela diz. “O treinamento mental influencia, muda, transforma o atleta. E o MMA exige alta performance não só física. O lutador tem que estar 100% bem fisicamente, mas também tem que estar 100% mentalmente. Estamos numa época em que muitas vezes o vencedor é decidido por um detalhe. Um pequeno detalhe. E uma mente forte é a maior aliada do atleta.”

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