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Atletas

Como Amanda ajudou Marreta nos treinos – e vice-versa

Preparador conta cinco curiosidades dos bastidores do treinamento em conjunto da dona do cinturão e do postulante a ele

Pouco mais de 30 minutos, no máximo, vão separar as subidas de Amanda Nunes e Thiago Marreta no Octógono do UFC 239, que acontece neste sábado, dia 6 de julho, em Las Vegas. A preparação física dos dois, no entanto, foi feita exatamente ao mesmo tempo – e um foi essencial para o desenvolvimento do outro.

É o que afirma Everton Oliveira, preparador físico da American Top Team, equipe localizada na Flórida em que treinam os dois brasileiros. Amanda defende no fim desta semana seu título dos pesos-galos contra a americana Holly Holm, no evento coprincipal. Já Marreta quer tomar o cinturão dos meio-pesados do americano Jon Jones na principal luta da noite.

O especialista contou cinco curiosidades dos bastidores da preparação da campeã e do possível futuro campeão.

1) Interação

“Foi super benéfico para os dois terem feito a preparação física no mesmo horário. Tentei fazer uma interação entre os dois transformando o treino deles em algo mais motivante, tanto em termos de energia positiva quanto de instinto de superação. A gente conseguiu conciliar isso. Era muito positivo ver a reação dos dois a cada treino. Um puxava o outro. Num camp, tem momentos em que o atleta está mais cansado ou mais estressado, e a gente conseguia equilibrar isso entre os dois. Quando um estava mais quieto, o outro o motivava. Houve situações em que, de propósito, eu coloquei os dois lado a lado em treinos similares justamente para que um puxasse o outro."

2) Variedade

“É importante ter variedade no treinamento por duas questões. Uma é a questão fisiológica, de busca de aumento de performance. A outra é a motivacional. Gosto de respeitar alguns princípios básicos do treinamento desportivo. Um deles é a individualidade biológica: tratar cada atleta de maneira única. Isso não pode ser diferente por uma questão óbvia: cada um responde de uma maneira ao treinamento, e o MMA é um esporte individual. Também gosto de respeitar o princípio da variabilidade, e trabalho com isso dentro de todo o meu programa, fazendo alterações de volume, de intensidade, na ordem de exercícios, na troca de exercícios e na variação de estímulos. Se tenho 12 semanas antes da luta, vamos desenvolver um trabalho de força, de força máxima, de transição e um trabalho específico para potência. No caso deles, trabalhamos todas as valências necessárias para terem a melhor performance. Tivemos um camp bem eficaz.”

3) Condicionamento

“Por serem combates de cinco rounds e disputas de título, tratamos as lutas de Amanda e Thiago de uma maneira diferente, e não tem como ser de outro jeito por causa da importância delas. Tentei trabalhar e alinhar bem a questão do volume do treinamento, porque nem sempre ‘quanto mais é melhor’. Procuro ser o mais eficiente possível e isso não quer dizer que o atleta vá ficar duas horas treinando comigo por dia. A gente se alinha na equipe para que ele tenha o melhor rendimento. Inclusive na questão de dar um período off de treino, para que ele se recupere e possa render melhor nos próximos.”

4) Recuperação

“Ela é essencial para a preparação do atleta. A Amanda gosta de fazer massagem relaxante, e então usa muito dessa técnica para poder recuperar-se bem no pós-treino. Já o Marreta gosta de fazer sauna e banheira fria para dar uma relaxada. Acredito que o atleta tem que usar a técnica que o faça se sentir bem. Há diversas estratégias para a recuperação física. Não menos importante é a questão mental. Muitas vezes falo para o atleta: vá para a praia, vá perto da natureza, porque você tem que se sentir bem. O camp é uma montanha-russa, não é todos os dias que o sujeito treina bem. E ele precisa lidar com isso para que não afete sua performance no camp e na luta mesmo. Para que não fique estafado e que isso não reflita na performance. Muitas vezes vemos que ele se dedicou 100% no camp e na semana da luta, quando chega a perda de peso, parece que não está feliz e não queria estar ali. Precisamos trabalhar isso da melhor forma possível.”

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5) Motivação

“Foi muito interessante conseguir conciliar a Amanda com o Marreta. Houve uma troca de experiência muito legal para trabalhar a questão mental, motivacional deles. A Amanda como campeã tem que procurar uma motivação extra para continuar defendendo o cinturão dela e manter a sequência de vitórias. E o Marreta, como desafiante, tem que buscar também essa motivação para que possa chocar o mundo na luta com o Jon Jones e interromper as vitórias dele. A troca de conhecimentos foi superválida. Tentamos trabalhar bastante a motivação interna deles. O atleta precisa antes de tudo acreditar que é capaz de escrever seu nome na história, ter uma excelente performance. Os dois sabem o que querem e vão lá para defender o sonho deles. Houve uma preocupação constante em motivar cada um deles para que suportem cada obstáculo do treino e cheguem no fim famintos pela vitória. E é assim que a Amanda e o Marreta estão.”