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Blog do Marcelo Alonso

Deiveson: “Como vou vencer Benavidez e trazer o cinturão pro Brasil”

Brasileiro lutará pelo título vago do peso-mosca contra Joseph Benavidez no UFC Norfolk

No próximo dia 29 de fevereiro, o Brasil terá uma chance de sair do jejum de quase três anos sem um cinturão em uma categoria masculina do UFC (desde que Aldo perdeu o título para Max Holloway). Com 18 lutas e 17 vitórias no currículo, o paraense Deiveson Figueiredo enfrentará o norte-americano Joseph Benavidez pelo cinturão vago no peso-mosca. Na última quinta, a nove dias da luta mais importante de sua vida, bati um longo papo com Deiveson no canal do PVT no Youtube.

Mais UFC Norfolk: Deiveson promete trazer o cinturão | Treinador compara Deiveson e Benavidez

Durante quase uma hora, eu e o jornalista Leonardo Fabri destrinchamos com o paraense cada detalhe desta histórica disputa de cinturão: a rivalidade com Benavidez, a experiência de treinar em sua antiga equipe, a Team Alpha Male, a importância de trazer um treinador de wrestling dos Estados Unidos e a tática para a vitória. Na sequência, separei alguns dos melhores tópicos.

Parceria com a Alpha Male

Considerado um dos principais lutadores da equipe de Urijah Faber, a californiana Team Alpha Male, Joseph Benavidez deixou a equipe em 2017 após se casar com a repórter do UFC Megan Olivi e se mudar para Las Vegas. No ano seguinte, Deiveson passou uma temporada na equipe. Por muito pouco os dois protagonistas do UFC Norfolk não chegaram a treinar juntos.

“Sempre sonhei em treinar na Alpha Male que era conhecida como melhor equipe de leves do mundo. Aproveitei que venci um lutador deles (Joseph Morales) aqui no UFC em Belém (2018) e pedi ao Fábio Pateta que conseguisse uma oportunidade para mim e ele prontamente falou com o Faber. Assim que o UFC marcou minha próxima luta, eu fiz dois camps seguidos lá. Quando cheguei, o Benavidez não estava mais, tinha se mudado para Vegas no ano anterior. Esta experiência na equipe do Faber me transformou num cara mais técnico e estratégico. Como eu venho da luta marajoara, fiz uma junção com o wrestling deles, que me ajudou bastante. O problema é que, além de a Califórnia ser muito cara, minha esposa estava grávida e tive que voltar. Amei treinar lá e pretendo voltar, mas fora de luta. Com luta marcada eu quero sempre treinar na minha academia, onde posso fazer um camp voltado para mim. Trabalhei assim nas últimas duas lutas e funcionou muito bem”.

Evitando espiões

Nem mesmo o fato de Urijah Faber e Fábio Pateta terem se colocado à disposição para ajudá-lo nesta luta pelo cinturão contra um ex-membro da equipe, que não teria mais proximidade com eles, atraiu o paraense. E ele explicou o porquê: “Por mais que o Faber e o Pateta gostem de mim, tenho certeza que me dariam muita atenção até por ser uma disputa de cinturão, mas é óbvio que o Benavidez deixou muitos amigos na academia. Sempre tem aquele ‘espião’ que gosta de filmar o treino e passar as informações para o amigo, por isso achei melhor repetir o trabalho que deu certo, fazendo o camp aqui na minha academia no Pará”.

O aprendizado com a única derrota

O fato de Benavidez ter nocauteado (no 2º round) o único homem que venceu Deiveson (Jussier Formiga) acaba sendo um ponto naturalmente considerado por muitos analistas como um diferencial em favor do norte-americano. Afinal de contas, se Formiga não teve dificuldades para aplicar seis quedas em Deiveson, imaginem um especialista em wrestling como Benavidez. Confrontado com este fato, o paraense faz questão de explicar que não estava em suas melhores condições quando lutou com o Formiga. “Confesso que naquele momento a invencibilidade subiu a minha cabeça, perdi o foco. Final de semana enchia a cara e ficava fazendo churrasco e jogando futebol, acabei me lesionando seriamente no púbis. Foi aí que marcaram minha primeira luta com o Benavidez e eu não pude ir por conta desta lesão. Estava pesando 75kg. Na sequência me ofereceram o Formiga e, mesmo ainda lesionado, não tive como recusar. Minha esposa estava grávida e eu não tive outra escolha, precisava trabalhar. Mesmo sem poder fazer sparing, fui para a luta com o Formiga, só nadando na piscina. Na realidade, esta derrota foi um grande ensinamento para mim. A partir dela eu eliminei todos os erros da minha vida”.   

“Benavidez é freguês do meu coach de wrestling”

Para a luta de sábado, no entanto, o paraense garante que está saudável e tem dado 110% nos treinos de wrestling. Tanto que fez questão de importar o respeitado treinador Lenny Lovato, que trabalha há muitos anos para a Jackson-Wink. De acordo com Lovato, Benavidez seria seu freguês. “Segundo ele me disse, já treinou vários lutadores que venceram o Benavidez no wrestling. Ele sabe muito bem como neutralizar seu ponto forte. Então eu dei um voto de confiança para ele. Estou acreditando muito nele e me empenhando nos treinos. E juntos vamos conseguir esta vitória”. Além de Lovato, Deiveson revela que fez questão de trazer os melhores profissionais de Belém para ajudá-lo. Luciano Pitbull no muay thai, Maisena e Jura no boxe e Coelho no jiu-jítsu formam o time junto com Lovato. “Este time de coaches que me treina hoje mudou meu jogo inteiramente. No início da carreira, meu único objetivo era nocautear. Jogava toda potência em cada golpe para definir a luta e sair dali o quanto antes. Hoje me tornei um cara muito mais versátil, que usa as fintas, que coloca as mãos nos lugares certos. E este é o jogo que vou fazer com o Benavidez”.

Figueiredo fez questão ainda de elogiar seu manager Wallid Ismail. “Ele tem um espírito guerreiro que cativa qualquer um. O cara te faz mentalizar a vitória de uma maneira que, quando ele chega, fica até mais fácil de perder o peso”.

Rivalidade com Benavidez

Deiveson revelou ainda o motivo de sua animosidade com Joseph Benavidez, que tem apimentado a disputa nas redes sociais. “Quando tive esta lesão séria no púbis ele me desrespeitou. Disse que fiquei com medo dele, que corri. Isso me deixou bastante chateado. Antes de entrar no UFC, eu cansei de ver este cara lutando. Eu o admirava muito como lutador, mas ele despertou algo dentro de mim que não era para ter despertado. Já que ele falou que eu estava com medo dele, então a luta agora vai ser pelo cinturão e a gente vai conversar sábado dentro do Octógono. Vou mostrar para ele quem é o cara que ele disse que teve medo dele”.

Tática para chegar ao cinturão

O fato de Benavidez ter perdido todas as três disputas de cinturão das quais participou não é considerado um fator determinante para Deiveson.

"Ele é um cara muito completo e que tem um mental forte. Estou analisando muito suas lutas. Contra o Sergio Pettis, vi que ele necessita de espaço para trabalhar o volume de golpes e o Pettis lutou muito bem se movimentando e tirando estes espaços. Contra o Dustin Ortiz, vi que ele tem um jiu-jítsu muito solto, mas que ‘berimbola’ muito e perde posições. Eu espero que ele tente me colocar para baixo. Se ele chama o jiu-jítsu dele de ‘Joe Jitsu’ eu vou lhe apresentar as armadilhas do jiu-jítsu do Deus da Guerra". O brasileiro chama atenção ainda para a mudança de estilo do oponente nos últimos anos. "Quem acompanha as lutas do Benavidez sabe que ele mudou seu estilo de uns tempos para cá. Antes era um cara extremamente rápido que não parava, hoje eu o vejo mais plantado e cansando no segundo round. E isso é perigoso para ele, ainda mais lutando contra mim. Estou aumentando minha velocidade ao máximo, deixando as minhas pernas muito fortes. Nunca estive tão explosivo. Mesmo que ele consiga me colocar para baixo, eu vou levantar e fazer ele trabalhar muito o round todo. Podem esperar um show de cotoveladas. É só o que posso falar”.

Vitória dos sonhos e desafio a Cejudo

Perguntado sobre como visualiza a vitória, Figueiredo não titubeou. “Imagino ele tentando me colocar para baixo e eu defendendo as quedas. Isso vai balançar o psicológico dele. Eu me vejo nocauteando este cara no 2º round”. Para terminar, o paraense não se furtou a sonhar até com uma super luta com o antigo campeão dos moscas, Henry Cejudo. “Sou muito fã do Aldo, mas se acontecer de o fanfarrão manter este cinturão dos galos lutando com o Aldo em São Paulo, eu teria o maior prazer de subir e lutar com ele. Porém, caso ele prefira voltar aos moscas e tentar roubar o meu, será bem recebido também. Uma luta com o Cejudo seria chumbo grosso trocado o tempo todo. Um dos dois iria cair”.

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