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Entrevistas

Mackenzie Dern: foco na maternidade e no aprendizado

A primeira derrota da carreira de Mackenzie Dern não a parou. Pelo contrário, só deixou a peso-palha mais forte.

O mundo da luta é cheio de histórias que fazem você parar e apreciar o quão acima e além da obrigação alguém se dispôs a ir para competir. Em outubro passado, foi a vez de Mackenzie Dern, quando ela entrou no Octógono para enfrentar Amanda Ribas apenas quatro meses depois de dar à luz sua filha Moa.

Dern não venceu a luta, sofrendo sua primeira derrota profissional por decisão, mas isso realmente não importava, certo? Apenas o fato de lutar tão pouco tempo depois de um acontecimento tão grandioso rendeu elogios a Dern de todos os lados. Mas para a promissora peso-palha de 27 anos, era tudo sobre lutar e voltar ao trabalho, e não foi a primeira vez que ela retornou às competições após um longo hiato. Em 2013. Mackenzie passou por cirurgia no joelho, e em 2014 ganhou uma medalha de prata no campeonato pan-americano, e depois uma medalha de ouro no mundial de jiu-jítsu.

"O médico disse que fui liberada, mas era mais cedo do que o recomendado para competições de alto nível", disse Dern. “Então, voltei cedo no jiu-jítsu só para tirar a ferrugem e senti que isso realmente me ajudou. Quando voltei, lutei no campeonato pan-americano e fiquei em segundo lugar, mas me senti bem, e foi bom para que eu recuperasse a confiança no joelho. Então senti que estava pronta, voltei e venci o Mundial alguns meses depois. É claro que eu queria vencer (o pan-americano) e fiz tudo o que pude, mas senti que era importante tirar isso do caminho e não ter minha primeira competição de volta em um torneio tão grande como o campeonato mundial".

Então, depois que Dern e seu marido, o surfista profissional Wesley Santos, receberam Moa no mundo, Dern não quis ficar de fora por muito tempo, já que não lutava desde maio de 2018, na vitória sobre Amanda Cooper.

"Tive a mesma ideia e senti que era o melhor para mim no UFC", disse ela. “Eu poderia ter esperado mais, mas se a ferrugem realmente existir, eu queria tirá-la do caminho agora e não deixá-la muito ruim. E foi fácil com minha filha sendo menor. Ela não estava correndo por aí; ela apenas ficou na cadeirinha ou com meu marido e não foi tão difícil. Então nós fomos para a luta e eu fiz o meu melhor para me preparar e nunca me senti mais preparada, mas você só tem que estar lá e lutar, e eu me senti bem. Fiquei feliz com minha performance”.

Quanto à Moa, ela tem nove meses e está se saindo muito bem.

"Ela está andando", disse a mamãe orgulhosa. “Eu ando um pouco e ela já está logo atrás de mim [risos]. Eu digo: 'Como você chegou aqui tão rápido?'"

Moa também tem seu primeiro quimono, e, considerando que Dern já estava no tatame de jiu-jítsu com seu pai, o grande Wellington “Megaton” Dias, com três anos e competindo com seis, são grandes as chances de que a integrante mais jovem da família esteja rolando em breve.

"Não sei se ela vai querer competir, mas definitivamente vai praticar, com certeza", disse Dern. “Eu acho que é impossível não se envolver, ela fica rodeada por isso o tempo todo na academia e em casa. Meu pai visita aqui o tempo todo, e há torneios de jiu-jítsu, então com certeza ela vai praticar. E especialmente para autodefesa - quero que ela saiba como se defender se acontecer alguma coisa”.

Dern se lembra daqueles primeiros dias no tatame, embora fosse mais como espectadora do que participante, pois Dias levava sua filha para a academia, a sentava no canto com seu cobertor e um filme da Disney passando na TV, e dava aulas.

“Lembro de assistir ao filme, mas sempre olhando por cima, porque eu o ouvia dizendo: 'Ok, passe a guarda agora' ou 'Armlock'”, ela ri. “A voz dele é tão alta, então eu assistia meu filme e sempre prestava atenção no que ele estava ensinando, porque sua voz era mais alta que o meu filme. E acho que foi por isso que me veio tão naturalmente, porque ele nunca me chamou para treinar. Comecei a rolar, depois comecei a praticar porque eu estava por perto o tempo todo”.

Aos seis anos, Dern competia em seu primeiro torneio de jiu-jítsu. E ela perdeu sua primeira partida.

"Quanto eu tinha seis anos era muito raro ter outras garotas por perto", disse Dern. “E minha primeira luta no jiu-jítsu foi contra uma garota. Estávamos de pé, meu pai me disse para dar uma queda, e eu olhei para ele. E quando eu fiz isso, a garota me derrubou e venceu a luta. As lutas das crianças duram apenas três minutos e ela me venceu por pontos e eu chorei. Fui até o meu pai e fiquei muito triste. Mas estava muito empolgada para voltar e lutar novamente”.

Dern não perdeu muito depois disso e, ao longo dos anos, ela não apenas se tornou faixa-preta no jiu-jítsu, mas também uma atleta de alto nível, com uma longa lista de medalhas, campeonatos e elogios. E apesar de tudo isso, ela nunca se esqueceu de onde veio.

"Todo mundo gostava do meu pai, e eu lembro de ver meu pai competir muito quando eu era pequena", disse ela. “Eu sempre o vi vencendo e perdendo também, e senti um pouco de pressão, tipo: 'Ok, tenho que deixar meu pai orgulhoso.' Por volta dos sete, oito anos de idade, percebi que meu pai era realmente bom”.

Dern ri e sabe que logo Moa descobrirá que a mãe não é apenas mãe, mas também alguém muito especial nas comunidades de jiu-jítsu e MMA. E quando ela tiver idade para começar a treinar, a “arte suave” é claramente um presente que Dern quer dar a ela.

"Acho que o jiu-jítsu te mantém humilde", disse Dern, que está escalada para voltar ao Octógono ainda este mês em Nebraska, contra Ariane Carnelossi. “É claro que há autodefesa e toda a ideia por trás disso, de que a pessoa menor pode se defender ou derrotar a pessoa maior e mais forte. Essas são ótimas coisas que eu realmente quero para minha filha, mas realmente é a parte de ser humilde. No MMA, talvez lutemos duas ou três vezes por ano e é apenas uma pessoa para se preparar para cada vez. No jiu-jítsu, lutamos três vezes por mês e, às vezes, em um torneio, você perde na sua categoria de peso e luta no absoluto, por isso temos tantas lutas e é impossível vencer tudo. É claro que ninguém gosta de perder, mas com uma derrota você vê o que precisa mudar e corrigir, e talvez no mesmo dia tenha a chance de corrigir seus erros e vencer. Por isso, mantém você humilde e mantém os pés no chão. O jiu-jítsu me deu uma base muito boa para ser a competidora e atleta que eu sou hoje”.

Mas a pergunta de um milhão de dólares é: em uma família de estrelas que lutam, Moa será o melhor do grupo?

"Oh, com certeza", Dern ri. “Eu vejo as crianças quando vou a torneios e elas são muito avançadas. Eles já têm seus patrocinadores em seus uniformes e estou vendo o que estão fazendo. Nós vamos chegar lá com as coisas mais avançadas”.