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Entrevistas

Marina Rodriguez quer vitórias, não atenção

O triunfo sobre Tecia Torres mostrou o quão boa Marina Rodriguez é, agora ela quer passar por Cynthia Calvillo no UFC DC

Marina Rodriguez talvez seja a lutadora Top 10 mais subestimada no UFC atualmente; não que a peso-palha brasileira se preocupe muito com isso.

“Chegamos aqui sem nos preocupar sobre receber atenção”, disse a 9ª colocada no ranking peso-palha, que entrou no lugar de Claudia Gadelha para enfrentar Cynthia Calvillo na luta co-principal do UFC DC, neste sábado, “Para nós, não importa se estamos aparecendo muito na mídia, em capas de revistas, esse tipo de coisa; o que importa é colocar um trabalho consistente nos treinos e nas competições”.

“O foco principal sempre vai ser trabalhar, treinar e competir bem”.

Veja também: Trio brasileiro em ação neste sábadoSaiba como assistir ao UFC DCConfira o card completo

Até aqui, Marina trabalhou, treinou e competiu muito bem, motivos pelos quais ela conseguiu a importante luta deste final de semana.

Após empatar com Randa Markos em sua estreia na organização, a brasileira conquistou sua primeira vitória no UFC no final de abril, superando a veterana Jessica Aguilar por decisão unânime. Pouco mais de quatro meses depois, ela foi a Montevidéu e venceu a bem ranqueada Tecia Torres com relativa facilidade.

Apesar de a norte-americana entrar no duelo vindo de derrotas seguidas, suas últimas duas algozes haviam sido Joanna Jedrzejczyk e Zhang Weili, que lutaram por títulos imediatamente depois - Joanna perdeu para Valentina Shevchenko em disputa pelo cinturão peso-mosca, e Zhang se tornou a campeã peso-palha ao derrotar Jéssica Andrade.

Enquanto as duas receberam title-shots após as vitórias sobre Tecia, Marina ganhou algumas posições no ranking, e mais se falou da acentuada queda de Torres que da performance dinâmica da invicta brasileira.

“Acredito que todos me vêem como uma forte promessa”, disse Marina, “Mas ainda sou nova na cena internacional, então faz sentido. Mesmo assim, outros sabem que sou uma atleta muito acima da média, e estou dando meu melhor para mostrar isso em toda luta. Espero que em breve passem a me enxergar como um talento único”.

Mesmo antes de fazer sua primeira aparição no Octógono, Marina e seu treinador Márcio Malko tinham uma ideia de como as coisas transcorreriam quando chegassem no grande palco e, até aqui, tudo ocorreu como eles imaginavam.

“A única coisa que mudou foi minha vontade de trabalhar mais e mais para atingirmos nossos objetivos”, disse a brasileira, que conquistou a oportunidade de competir no UFC após um nocaute no primeiro round sobre Maria Oliveira no Dana White’s Contender Series em 2018, “Sabíamos que a oportunidade chegaria e que, quando chegasse, o nível de oposição no UFC seria muito diferente do que eu estava enfrentando antes”.

“Olhando para trás e vendo tudo o que fizemos nos motiva todos os dias”, continuou Marina, falando sempre em conjunto com seu treinador, “Isso nos ajuda a crescer ainda mais. Nunca estamos satisfeitos com onde estamos; estamos sempre buscando evoluir e melhorar”.

A especialista em muay thai está confiante de que continuar no caminho e se manter focada no que a levou até onde está hoje vai eventualmente elevá-la nos rankings e fazer com que todos entendam melhor o tipo de ameaça que ela oferece à divisão peso-palha.

“O impacto na divisão vai chegar, a gente sabe, mas não temos pressa”, disse, “Ainda estamos trabalhando duro para melhorar e pouco a pouco vocês vão ver a evolução no meu jogo e nas minhas performances e, com isso, os resultados e o reconhecimento virão”.

Pouco mais de três meses após a vitória dominante sobre Torres, Marina abraçou a oportunidade de substituir Gadelha, sabendo que uma luta com Calvillo pode ser o que falta para que seu nome comece a ser mencionado em conversas sobre disputas de título.

“Já estávamos esperando a chance de competir em dezembro”, disse a brasileira sobre sua prontidão para entrar no evento deste sábado, “Já estávamos treinando e esperando a oportunidade chegar”.

“Quando fomos contratados, o objetivo era trabalhar, não se divertir, então estamos sempre treinando, esperando a próxima chance de mostrar nosso trabalho”, continuou, “Não vamos desperdiçar nenhuma oportunidade por estarmos ‘de férias’ e não treinando”.

“É sempre ideal ter um camp apropriado e estar 100% preparados em todos os aspectos, mas estamos sempre prontos para aceitar uma boa luta”.

O confronto com Calvillo é exatamente isso, já que a norte-americana se recuperou da única derrota na carreira com duas vitórias consecutivas, ampliando seu cartel para 8-1.

Há dois anos, Cynthia era vista como uma possível próxima desafiante ao cinturão, tendo conquistado três vitórias em apenas cinco meses no Octógono. Atualmente, ela está uma posição atrás da brasileira nos rankings, mas é o tipo de oponente que Marina ainda precisa enfrentar neste momento.

“Calvillo é uma lutadora muito dura e resiliente”, disse, “Imagino que o plano dela, como o da maioria das minhas adversárias, será provavelmente me levar para o chão, mas a defesa para isso é algo que estamos trabalhando ao extremo e que vem se tornando uma das minhas principais habilidades”.

Marina já caminhou um longo percurso em um pequeno período de tempo, chegando ao Top 10 em uma das divisões mais competitivas do UFC menos de 18 meses após ser contratada, e ela pode subir mais um degrau se chegar à 3ª vitória consecutiva neste sábado.

“Sabíamos que o nível no UFC seria diferente”, concluiu a brasileira, refletindo sobre o último ano e meio de sua carreira, a caminho de uma luta co-principal neste final de semana, “Mas as maiores lições que aprendemos foi que ninguém é invencível e que temos o que é preciso para chegar ao mais alto nível e competir contra qualquer uma”.

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