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Entrevistas

"Muito mais faminta", Ketlen Vieira detalha recuperação e retorno no UFC 245

Peso-galo brasileira comenta retorno ao Octógono após quase dois anos sem competir

“O bom filho à casa torna. Estou com vontade de curtir cada momento.”

É assim que uma animada Ketlen Vieira abre a entrevista para falar sobre sua volta ao Octógono.

São longos 21 meses que separam a última luta da manauara, em março de 2018, e o retorno agora em dezembro. Uma lesão no joelho direito, tratada com uma cirurgia, é a responsável por afastar a atleta das competições. Mas depois de meses de reabilitação, Ketlen não esconde a felicidade em voltar à rotina do camp de treinamento.

E o retorno não poderia ser melhor. A número dois do ranking peso-galo encara Irene Aldana no UFC 245, em 14 de dezembro. No mesmo evento, a campeã da categoria, Amanda Nunes, coloca o cinturão em jogo contra Germaine de Randamie.

“Eu sabia que queria terminar o ano lutando, para fechar esse ano - que foi tão duro - com chave de ouro. Foi mais uma bênção estar nesse card grandioso”, disse.

Confira a entrevista completa com Ketlen Vieira:

UFC: Primeiramente, seja bem-vinda de volta, Ketlen! Estava com saudades de toda essa rotina pré-luta?

Ketlen Vieira: Obrigada! O bom filho à casa torna. Não via a hora de passar por todo esse processo. Semana que vem começamos a perda de peso. Estou com vontade de curtir cada momento.

UFC: Imagino que ficar tanto tempo sem competir é difícil para uma atleta profissional, por diversos motivos. Para você, qual foi a maior dificuldade nesse tempo em que ficou se recuperando?

KV: A maior dificuldade foi me manter aqui no Rio, dificuldade financeira. A gente só recebe quando está lutando, então quando não luta está praticamente desempregada. Estar desempregada em uma cidade como o Rio de Janeiro, que é muito cara, eu quase tive que vender as minhas coisas e retornar para Manaus e continuar meu tratamento lá. Mas graças a Deus recebi a ajuda de um deputado, que me apresentou uma empresa em Manaus que está me apoiando e me dando condições de treinar, me recuperar e entrar voando para essa luta.

UFC: A categoria passou por muitas mudanças desde a sua última luta. Como foi para você assistir tudo isso sem poder competir?

KV: Na verdade, eu procuro ver tudo de uma forma boa, que vai acontecer pelo meu bem. E foi isso o que aconteceu. Antes da minha lesão a categoria estava um pouco embaçada ali na frente, tinha muitos nomes que poderiam disputar o cinturão. Eu teria que fazer muito mais lutas. Esse tempo fora foi bom porque a categoria deu uma mexida e agora a gente pode estar a um passo da tão sonhada disputa de cinturão. 

UFC: Você sofreu rompimentos nos ligamentos do joelho, e depois da cirurgia ainda passou alguns meses fazendo terapias para se recuperar totalmente. Teve algum receio em voltar a treinar com força total depois que foi liberada?

KV: Eu passei cinco meses fazendo testes. Meu médico teve um cuidado muito grande comigo justamente porque sabia que quando a gente voltasse a gente ia brigar com os leões. A gente teve um cuidado grande para que eu não tivesse nenhum receio, e eu tenho que acreditar no trabalho da minha equipe e de todos os profissionais que estão comigo. Então a partir do momento em que o médico falou: "Ketlen, você está liberada e pode treinar que o joelho está firme", eu treinei melhor e comecei o camp muito mais confiante.

UFC: Consegue apontar um lado positivo nesse período difícil que passou?

KV: Hoje eu sou uma atleta mais madura. Sei muito mais o que eu quero, e o preço que estou disposta a pagar por isso. Isso foi muito positivo para mim. Também mostrou quem está do meu lado ou não. É nesses momentos que a gente vê quem realmente está vestindo nossa camisa.

"Essa é uma Ketlen que está há um ano e nove meses sem se alimentar de vitórias."

UFC: Agora falando sobre a sua oponente no UFC 245, a Irene Aldana. Ela é a número 10 do ranking e venceu quatro das últimas cinco lutas. O que você acha dela como oponente?  

KV: Eu sempre peguei atletas duras, nunca tive vida fácil no UFC. Estou muito feliz por mais esse desafio, essa grande atleta, vai me por bastante a prova. Cada atleta que passou pela minha vida me moldou, e com ela não vai ser diferente. Ela é muito dura, estou motivada, feliz e ansiosa para estar frente a frente com ela.

UFC: Você acredita que uma vitória no UFC 245 te credencia automaticamente a uma disputa de cinturão com a campeã?

KV: Teoricamente sim. Agora eu sou a número 2 do ranking, e a campeã vai lutar com a número um. Eu, vencendo essa luta, acho que automaticamente viro a número um.

UFC: Por último: a Ketlen que vai lutar no UFC 245 é muito diferente da Ketlen que lutou no UFC 222?

KV: Com certeza. Ela é uma Ketlen muito mais faminta. É uma Ketlen que está há um ano e nove meses sem se alimentar de vitórias.

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