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Blog do Marcelo Alonso

Os desafios de Cigano, Serginho e Capoeira no UFC Wichita

As duas maiores potências do MMA mundial, Brasil e Estados Unidos, voltam a se confrontar no próximo sábado (9) em três grandes clássicos na divisão dos meio-médios e dos pesados.

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Na luta principal da noite, Junior Cigano, 8º do ranking, enfrenta o 3º da divisão, Derrick Lewis, num combate que poderá definir o próximo desafiante ao cinturão, principalmente se o vencedor for o brasileiro. Afinal de contas, Lewis acabou de ter sua chance contra Cormier e foi totalmente dominado pelo campeão, sendo finalizado com um mata-leão no 2º round.

Desnecessário dizer que o caminho das pedras apontado por Cormier não deve ser usado por Cigano. Apesar de ter melhorado bastante suas técnicas de queda com Steve Mocco na ATT, a zona de conforto do brasileiro continua sendo o boxe. Tanto que trouxe seu treinador Luiz Dórea de Salvador para ajudá-lo durante todo o camp. Como Derrick Lewis também é chegado a uma trocação, tudo leva a crer que este combate tem todos os ingredientes para não chegar ao 5º round.


O melhor caminho para a vitória do brasileiro é circular e controlar a distância, usando sua maior velocidade para pontuar, como fez nos cinco rounds contra Blagoy Ivanov. Com maior precisão técnica e potência, Cigano também pode surpreender e definir o combate antes do final, como fez em sua última luta contra Tai Tuivasa.

Já Lewis, que pesou 9kgs a mais que o brasileiro, deverá buscar encurralá-lo nas grades para conectar sua patada que já levou a lona 10 de seus 16 oponentes no UFC.

Em entrevista ao PVT, Cigano garantiu que durante o camp com o mestre Dórea conseguiu corrigir a falha que causou suas últimas derrotas (Miocic e Overeem), se auto encurralar na grade. “O professor Dórea tem influência do estilo cubano, a gente se defende com as pernas, se movimentando, com a guarda baixa para atrair o oponente. Muitas vezes eu entro com os golpes e continuo movimentando, mas os adversários têm seguido em frente, e isso me encurrala na grade, perco o tempo da luta e acaba entrando algum soco. Mas neste camp trabalhamos muito para corrigir esta falha, levantando a guarda e avançando um pouco mais”, garantiu Cigano.

Dono do ground and pound mais perigoso da divisão, Derrick Lewis também poderá recorrer ao wrestling caso tenha dificuldades diante do melhor boxe do brasileiro. Já Cigano tem que redobrar a atenção com a tática do “Black Beast”, que costuma se fingir de morto para surpreender os adversários com seu perigoso overhand. Que o digam Marcin Tybura e Alexander Volkov.

Caso consiga passar por Lewis, Cigano provavelmente estará a uma luta do cinturão. Podendo lutar contra Francis Ngannou (#2) ou, quem sabe, fazer uma trilogia contra Stipe Miocic (#1).

Desafio de extremos no meio-médio

Outro que terá um senhor desafio neste sábado é o representante da CM System, Elizeu Zaleski, o Capoeira. Vindo de uma seqüência de seis vitórias consecutivas, o paranaense de Francisco Beltrão finalmente conseguiu a 14ª posição no disputado ranking dos meio-médios. E após os belos nocautes sobre Sean Strickland e Luigi Vendramini em 2018, Capoeira achou que finalmente enfrentaria alguém do andar de cima do ranking, mas acabou recebendo um presente de grego, Curtis Millender.

Revelado pelo LFA, Curtis estreou no UFC nocauteando o veterano Thiago Pitbull e emendou vitórias sobre os respeitados Max Griffin e Siyar Bahadurzada. Vale ressaltar que os três strikers não tiveram dificuldades para derrubar Millender e, quando o fizeram, venceram o round (Griffin e Siyar), mas não insistiram na tática, por isso acabaram surpreendido pela velocidade e habilidade técnica de Curtis.


Com 1.88m de altura e 1.93m de envergadura, Millender é um daqueles pesos meio-médios com medidas compatíveis com a divisão de cima, enquanto Capoeira é um dos menores da divisão, com 1,80m de altura e 1,85m de envergadura. O que na prática não significa absolutamente nada. Uma vez que o paranaense se saiu bem contra strikers e grapplers de todos os tamanhos e características técnicas da divisão.

Por se tratarem de dois strikers extremamente agressivos e criativos, a luta tem tudo para transcorrer a maior parte do tempo em pé, onde Elizeu deve buscar controlar a distância (da média para a curta) neutralizando a maior envergadura e os perigosos chutes na cabeça aplicados por Millender. Mas levando em conta o xadrez do MMA, me arriscaria a apostar que Elizeu deve ter investido em seus treinos de wrestling com Marcelo Zulu, seis vezes campeão brasileiro na modalidade e braço direito de Cristiano Marcello na CM System. Afinal de contas, as maiores brechas de Millender estão no wrestling defensivo e no jogo de solo.

Caso consiga sua 7ª vitória consecutiva, o paranaense se aproximará de Demian (#9) e Rafael dos Anjos (#5) no topo do ranking, passando a enfrentar a elite da categoria.

Sérgio Moraes lutando por um lugar no ranking

Com uma única derrota nas últimas 10 lutas no UFC, exatamente para o atual campeão Kamaru Usman, Sérgio Moraes será o terceiro representante brasileiro neste UFC Wichita.

Seu oponente será o ex-peso-leve Anthony Rocco Martin, que desde que subiu para os meio-médios ainda não sabe o que é perder. Depois de passar por Keita Nakamura (decisão), Ryan LaFlare (KO) e finalizar o duríssimo Jake Matthews, o atleta da ATT certamente tentará usar seu bom wrestling defensivo combinado a um excelente boxe para evitar a luta no solo contra o tricampeão mundial de jiu-jítsu, que inclusive derrotou Kron Gracie na final do mundial da modalidade em 2008.


Mesmo que não consiga derrubar Martin com facilidade, Moraes tem condições técnicas de vencê-lo em pé; basta controlar o ritmo da luta trabalhando nos contra-ataques. Por ser um lutador com característica extremamente ofensiva, mais cedo ou mais tarde, Martin oferecerá oportunidade para entradas de queda do paulista. E uma vez no solo, a diferença técnica se torna abissal com grande chances de o faixa-preta de Fábio Gurgel chegar à finalização.

Vindo de uma vitória por finalização sobre Ben Saunders, considerado um dos mais técnicos faixas-pretas de Eddie Bravo, Serginho aproveitou o fato de Martin também ser um faixa-preta da Arte Suave para provocá-lo a testar suas habilidades no solo. “É mais um grappler que vou pegar que vai virar striker... Vamos fazer chão e testar esses faixas-pretas dos EUA para ver como estão”, disse o paulista ao Combate.com.

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