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Eventos

Por que Michel Pereira teve vontade de entregar sua última luta

O atleta, que perdeu por decisão dos juízes no UFC Vancouver, no mês passado, disse que as acrobacias que faz não tiveram nada a ver com sua derrota – e que vai continuar sendo o “showman do evento”

Na cabeça de Michel Pereira, apesar dos contratempos que enfrentou durante a semana e de não ter batido seu peso, tudo ia relativamente bem no primeiro round da luta contra Tristan Connelly no UFC Vancouver, que ocorreu em 14 de setembro. Já no segundo round...

“Vi que meu corpo não estava respondendo, que meu rendimento estava decaindo. Foi quando eu percebi que tinha algo errado”, conta o “Paraense Voador”, apelido que ganhou por causa das acrobacias que costuma fazer no Octógono. “No começo do primeiro round eu estava me sentindo muito bem, muito confiante. Não imaginava que meu corpo ia sofrer aquele desgaste. Não sabia que ia dar uma pane, um PT.”

Por isso, ao iniciar o segundo assalto, ele fez o que costumava fazer: aumentou o ritmo. “Mas meu corpo não reagia mais aos meus comandos. Percebi que não tinha nem mais o que ser feito. Eu só sobrevivi. No fim, estava até com vontade de entregar, porque eu não conseguia fazer mais nada.”

Michel foi criticado depois. Disseram que ele tinha exagerado em suas acrobacias e em sua performance no round 1, por isso o gás acabou. Logo no início do combate, ele aplicou um superman punch e deu dois saltos mortais, desferiu um golpe rodado e, em seguida, uma joelhada voadora.

O lutador diz que não tem nada a ver. “Não foi o que eu fiz na luta que me fez cansar”, ele explica. “Foi minha tirada de peso que foi muito desgastante. Tenho muito gás e, conforme os rounds vão passando, eu faço é aumentar o gás, eu faço é aumentar minha performance. Nessa luta, porque eu tirei meu peso de uma forma muito ruim, perdi.”

Michel Pereira costuma tirar 18 quilos na semana da luta. Ele chega com 95 quilos e luta nos meio-médios, em que o limite é 77. “Fui para o Canadá no domingo e era para meu fisioterapeuta ir comigo. Nessa fase de tirada de peso, ele é a pessoa mais importante da equipe”, explica o atleta. “Tiro peso duas vezes por dia e meu fisioterapeuta é o cara que me regenera, que me deixa renovado para eu continuar o processo. Só que ele não conseguiu tirar o visto e eu fui sozinho para o Canadá. Ele ficou a semana toda tentando resolver o problema e eu, indo para a sauna sozinho.”

Michel ficou ansioso a semana toda. “Ficava com medo de acontecer alguma coisa dentro da sauna e não ter ninguém para me socorrer, ninguém para me ajudar. Eu não falo inglês, então você imagina eu estar dentro da sauna e acontecer alguma coisa? Sei lá o que pode acontecer, mas eu não sei falar nada, como ia dizer que precisava de ajuda? Como eu ia fazer? Muitas coisas ruins aconteceram na semana da luta, que é justo a semana que eu tenho que estar mais tranquilo.”

O fisioterapeuta chegou finalmente na quinta-feira, mas já era tarde. Michel seguiu para a pesagem, na tarde de sexta, um quilo acima do limite. Por isso, foi multado e perdeu 20% de sua bolsa.

Ao fim da luta, mesmo com a falta de gás que começou a incomodar no segundo round, Michel ainda achava que havia ganhado. “Na minha cabeça, ganhei o primeiro e o segundo rounds. O terceiro eu perdi claramente.”

Quando a vitória de Tristan, que lutava em casa, foi anunciada, o Paraense Voador viu um filme em sua cabeça. “Passam muitas coisas ruins. Fiquei imaginando as críticas que eu teria que enfrentar durante vários meses até eu ter uma nova luta e mostrar quem eu realmente sou sem nenhum erro, quando tudo dá certo na semana da luta.”, afirma ele. “Um erro gerou vários, foi uma bola de neve. Quando a luta terminou, sabia que teria que ser muito forte, que teria que superar. Sou o showman do evento e tenho que voltar muito mais forte e mostrar que perdi essa luta para mim mesmo.”

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