Pular para o conteúdo principal
Entrevistas

Treinadores comentam preparação dos brasileiros para a Ilha da Luta

Mais de 20 atletas brasileiros entrarão em ação nos quatro eventos que acontecem entre os dias 11 e 25 de julho em Abu Dhabi

Mais de 20 lutadores brasileiros estão escalados para subirem ao Octógono ao longo dos quatro eventos que acontecem entre os dias 11 e 25 de julho na Ilha da Luta, em Abu Dhabi.

E além da longa viagem até os Emirados Árabes Unidos, da diferença de sete horas em relação ao fuso horário de Brasília, do clima desértico que pode passar dos 40ºC durante o dia, os atletas irão se encontrar ainda em meio a um rígido protocolo sanitário que inclui isolamento social e frequentes testes de Covid-19 ao longo da semana da luta, enquanto tentam perder os últimos quilos para seus respectivos combates.

Leia também: Bethe Correia: "Ronda me transformou em uma grande vilã"

Sobre todas essas circunstâncias, conversamos com três treinadores responsáveis pela preparação de alguns dos representantes do país na Ilha: Cristiano Marcello, da CM System (treinador de Elizeu Capoeira), Conan Silveira, da American Top Team (treinador de Amanda Ribas, Pedro Munhoz e Alexandre Pantoja), e Gilliard Paraná, da PRVT (treinador de Jéssica Andrade e Karol Rosa). Confira o que eles disseram.

UFC: Como os atletas têm treinado durante o período de isolamento social devido à pandemia?

Cristiano Marcello: “A preparação está sendo feita dentro do possível, dentro do que as entidades governamentais nos oferecem. Não está perto do que seria estando a academia aberta, mas tomando todos os cuidados estamos conseguindo fazer um bom camp, até porque o Elizeu é um cara que nunca parou, ele tem uma academia na casa dele, então conseguia fazer os treinamentos dele, dentro do possível”.

Leia tambémTreinos em casa e testes semanais: como as brasileiras se prepararam para a Ilha da Luta

Conan Silveira: “A gente nunca parou. O que a gente fez foi reestruturar, em sentido de quantidade, e separar os treinos, diminuindo a quantidade de pessoas juntas, porque, com certeza, a gente não podia ter a mesma quantidade de lutadores treinando no mesmo horário, então a gente criou vários grupos em vários horários e não paramos os treinos, porque sabíamos que os eventos não seriam cancelados, mas sim adiados".

Gilliard Paraná: “A gente está formando alguns grupos separados. A Jéssica montou um espaço na casa dela e levou algumas meninas para treinar lá. Eu dou as orientações via vídeo e por telefone, ela me manda alguns vídeos dos treinos dela. Uma vez por semana ela vem para a academia treinar no cage. A gente higieniza bem o cage, ela chega, não cumprimenta ninguém de muito perto. Eu fico do lado de fora do cage, também sem muito contato com ela, assisto, dou minhas opiniões e falo sobre o que fazer na semana seguinte. A Karol Rosa, que mora mais perto da academia e da minha casa, também montamos um grupo e estamos treinando”.

UFC Brasil: Como se preparar para a diferença de fuso, o calor, enfim, as condições que vocês vão encontrar em Abu Dhabi?

CM: “O principal é que vai ser para todo mundo a questão do fuso horário e as normas. O que vai ser bom para um vai ser para outro, e o que vai ser ruim também. A questão é fazer os treinos perto do horário em que ele vai lutar lá; a questão do calor, é só se você estiver na rua, porque é tudo climatizado. O Elizeu é muito experiente, já lutou na China, em outros países, então acho que não vai ser muito diferente não”.

CS: "Não tem muito o que especular ou criar muita expectativa. Todos eles já lutaram em lugares diferentes, não é a primeira vez que vai acontecer de lutarem em um lugar com fuso horário completamente diferente. A gente tem que exercitar cada vez mais a habilidade de se ajustar. Você se ajustando, você facilita muito o seu propósito. Acho que, para a gente, não vai ser uma mudança extrema. Existem coisas que você pode exercitar durante o camp, junto com o treino, como treinar em outras horas, fazendo com que seu corpo reconheça o fuso horário. É uma questão só de ter vontade de se ajustar".

GP: “A gente já lutou em todos os lugares do mundo. Lutamos no Japão, lutamos na China, e os Emirados Árabes são mais próximos um pouco. Já estamos um pouco acostumados a lidar com o fuso. Acho que isso não vai ser um empecilho, acho que vamos tirar de letra”.

UFC Brasil: Sabemos que há também uma grande diferença cultural entre os Brasil e os Emirados Árabes; como sua experiência pode facilitar a adaptação do(s) lutador(es)?

CM: “É uma questão até mesmo para quem vem para o Brasil: o respeito por qualquer raça, qualquer etnia, qualquer religião, qualquer coisa nesse sentido - se tiver educação, você vai ser bem recebido em qualquer lugar. Ninguém é obrigado a conhecer a cultura do outro país, mas se você tiver a mínima percepção, não vai haver problema. É a mesma coisa de respeitar os costumes estando na casa dos outros. Não vou entrar na sua casa sem bater na sua porta, abrir sua geladeira sem pedir. Se você tem educação, você vai ser muito bem recebido em qualquer país do Oriente Médio, em qualquer país asiático”.

CS: “Já fui para Abu Dhabi, para Dubai, não só uma, mas várias vezes, e sempre fui muito bem recebido. Eu gosto da cultura, gosto do comportamento. A única coisa que modifica um pouco é a comida, mas acho que isso também não vai ser problema, porque vamos ficar em um hotel que vai nos fornecer o que estamos acostumados a comer. O público lá é muito interessante, eles gostam de assistir, vibram, torcem, mas a gente tem que aceitar as circunstâncias e fazer nosso melhor, trazer o melhor da luta que a gente pode apresentar para eles lá e é isso. É um bom movimento, é bom para trazer uma alegria para o pessoal nesse momento. A luta traz um fogo que faz as pessoas se animarem".

GP: “A gente nunca foi para os Emirados Árabes, só passamos para fazer conexão, mas quando a gente está viajando para esses eventos, a gente fica mais no hotel, e esses hotéis são muito bem preparados para receber gente do mundo inteiro, então a gente acaba não sentindo muito essa diferença de cultura. A gente fica muito focado em perder peso, fazer os últimos ajustes. Não estamos esperando nada muito diferente. A comida das meninas é fornecida pelo UFC, então a gente acaba se sentindo em casa em qualquer lugar”.

Leia também: Léo Santos e Davi Ramos: dois brasileiros "em casa" na Ilha da Luta

Todos os eventos do UFC na Ilha da Luta terão transmissão ao vivo e exclusiva do Canal Combate.

Assine o Combate | Siga o UFC Brasil no Youtube